Cruz Cabalística
Praticamente toda cerimônia esotérica ou ritual de magia começa com a
limpeza do ambiente onde se vai operar. Da mesma maneira que um médico não vai
fazer uma cirurgia em um local contaminado, um magista não fará uma cerimônia
em um ambiente astralmente sujo.
Um dos rituais mais importantes de todos, se não for “O” mais importante de
todos, é o chamado Cruz Cabalística. É este ritual que demarcará no Plano
Físico, espiritual, emocional e mental os limites do trabalho magístico e da
vontade do mago naquele momento.
A Cruz
Cabalística serve como elo de ligação entre o Magista e o Universo, buscando
energias de todas as sephiroth para abastecer todos os rituais que serão
realizados em seguida. Provavelmente este será o post mais importante que
escreverei este ano.
Começando
– Fique de pé, no centro do local onde você irá traçar o círculo, voltado para
o LESTE.
– Feche os olhos, respire fundo e devagar por três vezes, sentindo todo o seu
corpo e o ambiente ao seu redor.
– Com a mão direita fechada, os dedos indicador e médio estendidos e o dedão
sobre o anular e mindinho, formando a chamada “posição de Athame” (ou, se você
estiver responsável pela abertura do círculo, pode ser o próprio athame mesmo).
– Visualize um raio de luz intenso, descendo do topo da Árvore da Vida,
descendo do alto do macrocosmos sobre você. esta luz tem de ser tão forte que
ilumine o local onde você estiver, fazendo sombra nas paredes ao redor e
banhando totalmente o magista.
– Toque o Ajna Chakra (frontal, terceiro olho, etc…) com a ponta dos dedos e
pronuncie de maneira vibrante “ATAH” (“para ti”).
Visualize
agora este raio de luz atravessando o chão, formando um pilar de luz que passa
através do corpo do magista, até o centro da Terra.
Este pilar, assim formado, ficará encarregado de trazer a energia que for
necessária de Keter para o ritual, e ao mesmo tempo dissipar qualquer excesso
negativo em Malkuth.
– Enquanto imagina este pilar de luz descendo, desça também com a mão da testa
até o ventre/genitais, posicionando a mão na forma de uma figa e vibre
“Mal-kuth” (“O Reino”).
Visualize
agora, um dos braços da cruz (no mesmo formato da imagem que eu coloquei ao
lado), expandindo-se para a direita enquanto o magista desloca a mão direita
para ombro direito, formando um dos braços da cruz (a cruz dourada luminosa
deve ter a altura aproximada do magista, e seus braços o mesmo tamanho dos
braços abertos).
– Toque o ombro direito e vocalize “Ve-Geburah” (“O Poder”).
Visualize
o outro braço da cruz luminosa, traçando a trave de luz enquanto desloca a mão
direita do ombro direito para o ombro esquerdo.
– Toque o ombro esquerdo e vocalize “Ve-Gedulah” (“e a Glória”). Neste momento,
visualize a cruz cabalistica completa, brilhante em um dourado quase branco, iluminando
toda a sala onde você estiver. Sinta a sombra que esta fonte de luz faz nos
objetos ao seu redor.
– Abra os
dois braços até formar por um segundo a cruz com o seu corpo, depois junte as
duas mãos sobre o chakra cardíaco em posição de prece. Este movimento é
acompanhado da vocalização “LE OLAM” (“Para todo o mundo”). O timing é
importante nesta parte do ritual. Enquanto você abre os braços, vocalize o
“LEeeeee” até esticá-los. Então começe a vocalizar “OLAaaaammm” enquanto junta
as mãos em prece sobre o chakra cardíaco.
Com a
cruz dourada brilhando sobre o magista, é o momento de se fazer a conexão com
as egrégoras que irão trabalhar. Os iniciados na senda rosacruz podem
visualizar a rosa vermelha no centro da cruz, os maçons visualizam o esquadro e
compasso aberto no grau em que estão (como disposto sobre o L:. L:.), os
membros de ordens martinistas visualizam a cruz Patté e assim por diante. Todas
as egrégoras nas quais você foi iniciado podem ser invocadas para que estas
energias protejam o ambiente e façam a esterilização astral do recinto em
conjunto com o magista. Esta visualização dura aproximadamente um ou dois
segundos, seguindo o timing.
– Por fim, junte seus dedos polegar, indicador e médio da mão direita no kubera
mudra, como se estivesse segurando um “giz invisível” e trace o seu sigilo
pessoal na sua frente, na altura do chakra cardíaco, na cor verde esmeralda (a
mão esquerda permanece na posição de prece). Não esqueça de fazer as
respirações de acordo com o traçado!
– Junte novamente as duas mãos em prece e vocalize “AMEM”.
Parece
complicado, mas não é. A parte difícil é fazer a vocalização (tem de sentir o
som vibrando na garganta) e o timing da visualização e desenho da cruz no
formato certo… Com a prática, você vai memorizar tudo em menos de uma semana.
Este
ritual é a origem do famoso “sinal da cruz” dos cristãos, que seria uma versão
bem mais simples e reduzida de poder deste ritual de proteção e invocação de
energias. A Cruz começa e termina qualquer trabalho dentro da Árvore da Vida,
inclusive os rituais do pentagrama, hexagrama, rubi estrela e safira, além do
exercício do pilar central e outras meditações.
Quem for fazer o Sefirat ha Omer, pode fazer a cruz
cabalística Antes e Depois da meditação noturna, para abrir e fechar os trabalhos
na egrégora.
Ritual Menor do Pentagrama
O Ritual menor do pentagrama foi criado
pela “Golden Dawn”, uma ordem de estilo Maçônica/Rosacruciana com graus e
iniciações. Esta Ordem foi devotada ao estudo da magia cerimonial ocidental e
ao estudo do oculto, passando por estudos de Kabbalah, de Tarot, Tattwas
(símbolos que representam os cinco elementos), viagem nos planos, entre outros.
Apesar de não ter tido uma vida muito longa, esta ordem foi a base para a
maioria das ordens mágicas conhecidas hoje, e teve entre seus membros os
maiores expoentes da magia da época, S.L. MacGregor Mathers, Aleister Crowley,
Austim Osman Spare, Israel Regardie, Dion Fortune, W.B. Yeats, entre outros
tantos. Este ritual era o primeiro a ser ensinado a seus membros, ainda
neófitos. Isto porque ele o introduzia a invocação, e servia como meditação,
centralização e proteção. Este ritual é utilizado por várias ordens hoje em
dia, e possui grande número de variações.
O RMP é o mais eficaz método de “desinfetar” um ambiente astral e é
recomendado antes de qualquer consagração ou operação mágica. Versões
modificadas (e mais fracas) dele são usadas na Wicca, OTO, Maçonaria e
Rosacruz, além de trocentos filhotes destas ordens. Porém, antes de você
começar a praticá-lo, tem uma série de exercícios, que eu já passei no blog,
que deverão ser dominados:
– Cruz Cabalística.
– Exercício de Visualização dos 4 Pentagramas.
É importante que você não “imagine” toda a estrutura do RMP, mas
VISUALIZE
toda a estrutura. Há uma grande (e vital) diferença entre estes dois
verbos… quando eu falo em visualizar, significa ter a CERTEZA de que tudo
aquilo que você traçou está realmente ali; que a luz emanada pelas chamas está
iluminando e dando um tom azulado ao local, só ofuscado pela luminescência da
cruz sobre o altar; que o seu sigilo pessoal está flamejante no centro de cada
um dos quatro pentagramas e que os Anjos estão dispostos ao lado de fora do
local, de espadas em punho.
VISUALIZAR significa que estas construções estarão firmes e cristalizadas no
Astral. Com o tempo e a repetição, você tornará aquele recinto impenetrável a
qualquer entidade com Força de Vontade menor que a sua (e eis o por quê os
magos devem dominar TODAS as esferas da Árvore… Yesod para a visualização, Hod
para a Vontade e Netzach para a cristalização). Pode-se utilizar uma vela no
altar (que será acesa logo na finalização do ritual) para ajudar o inconsciente
nestas visualizações (enquanto a vela estiver acesa, estará atrelada ao ritual).
O Ritual
Parte 1 – A Cruz Cabalística (ou Rosa Cruz)
Deve ser feita diante do altar onde ficará o Livro da Lei, o Coração do Templo,
voltado para o Leste (Oriente). Visualizar a cruz projetada sobre o altar.
Traçado com os dedos indicador e médio estendidos e os outros dedos fechados.
1 – Toque a testa e diga “ATEH” (dedo indicador e médio
estendidos, os outros fechados)
Visualize a luz divina descendo do alto de Keter até o magista e o altar.
2 – Toque o sexo e diga “MALKUTH” (com a mão na posição de
“figa” – Imagine a energia vinda do cósmico fecundando a mãe-terra a seus pés e
fincando as bases da cruz luminosa que protegerá o ambiente). Neste momento,
deverá estar visualizado um pilar de luz no centro do templo.
3 – Toque o ombro direito e diga “VE – GEBURAH” (dedo
indicador e médio estendidos, os outros fechados)
4 – Toque o ombro esquerdo e diga “VE – GEDULAH” (dedo
indicador e médio estendidos, os outros fechados)
Conforme for traçando os braços da cruz, imagine que esta energia luminosa se espalha
pelos lados do Rigor e Misericórdia, formando a estrutura da Cruz no centro do
templo/altar.
5 – Trace o seu Sigilo Pessoal (se tiver) no centro da cruz.
Imagine o traço em dourado brilhante (Tiferet).
6 – Junte as mãos no peito e diga “LE – OLAHM AMEN”
Visualize a energia divina projetando-se para dentro do Templo, iluminando toda
a Sala Capitular/Templo e afastando qualquer interferência ruim do mundo
profano.
Parte 2 – Os Pentagramas
1 – De frente para o Leste (o Oriente), com as mãos na forma do Kubera-Mudra
(dedos polegar, indicador e médio unidos, como se estivesse segurando um giz
invisível) desenhe um pentagrama visualizando-o em chamas azuladas muito
fortes.
Comece a traçar o Pentagrama de acordo com
a figura ao lado.
No centro visualize o primeiro nome de Deus, IHVH e inspirando-o, sentindo
passar pelo peito até os pés e sentindo-o à sua volta; trace o Sigilo Pessoal
com os dedos no centro do pentagrama, e depois toque o símbolo, espalhando a
energia pelo pentagrama, ao mesmo tempo em que vibra o nome (pronuncia-se “Iod
Rê Vav Rê”) com energia, visualizando toda a estrutura flamejante. Trace com os
dedos o Círculo de Proteção, no sentido horário, do Leste para o Sul,
circundando o meridiano do Templo.
2 – De frente para o Sul, repita o processo anterior trocando o nome por
“ADONAI”. Continue o Círculo para o Oeste
3 – De frente para o Oeste, repita o processo anterior trocando o nome por
“EHEIEH” (pronuncia-se “É-Ré-Iée”. Continue o Círculo para o Norte
4 – De frente para o Norte, repita o processo anterior trocando o nome por
“AGLA”. Continue o Círculo para o Leste, fechando todo o conjunto.
Parte 3 – Invocação dos Arcanjos
1 – Na posição de Cruz (os braços abertos e os pés juntos), o estudante
repetirá:
“A minha frente RAPHAEL” (vibre todos os nomes)
2 – “Atrás de mim GABRIEL”
3 – “A minha direita MICHAEL”
4 – “A minha esquerda AURIEL”
5 – “Pois ao meu redor flamejam os Pentagramas”
Sempre imaginando os Arcanjos nas suas respectivas posições, fora do Templo,
guardando-o e protegendo-o, e os pentagramas em chamas. Cada um está
relacionado a um elemento: Raphael (Ar), Michael (Fogo), Gabriel(Água) e Auriel
(Terra), na seqüência. Como os elementos são 4, o magista, ao centro, será a 5ª
parte do pentagrama, o espírito.
6 – “E na coluna do meio, brilha a estrela de seis raios”.
Que o estudante visualize dois Hexagramas, um em cima e o outro projetado
embaixo, com uma faixa de luz estendendo-se na vertical, envolvendo-o e
formando uma espécie de “grade” ao redor do local.
Parte 4 – Repita a Cruz Cabalística
Quando terminar, os Pentagramas e a proteção ficarão por ali tanto tempo
quanto sua vontade for capaz de manter a Visualização.
UPDATE: este vídeo no Youtube tem uma boa base para as pronúncias corretas:
http://www.youtube.com/watch?v=qQWsnAUCcmw
Dúvidas?
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Fonte – Ritual Menor do Pentagrama
(Acessado em 29/3/2016)
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